terça-feira, 22 de outubro de 2013

Calvino falando em línguas? Uma análise séria das evidências.

Foi publicado recentemente no site CPAD News uma notícia intrigante. Calvino teria falado em línguas! O autor do texto, o Sr. Silas Daniel é jornalista, na verdade é chefe de jornalismo, além de ser pastor e escritor. O texto pode ser encontrado AQUI.

É importante salientar que tenha Calvino falado em línguas ou não isso em nada valida a prática pentecostal de fazê-lo. Esse tipo de falácia argumentativa é bastante conhecida e é chamada de apelo para autoridade. Tenta-se validar a veracidade de um fato ou pensamento através de alguém que a fez o que a abraçou. Portanto, tenha Calvino falado em línguas ou não, isso não valida ou invalida a prática. A matéria precisa ser lidada de maneira bíblica através de exegese.

Mas esse não é o foco do texto. O que o Pr. Silas tenta fazer é demonstrar que há a possibilidade histórica de que Calvino tenha em um momento de sua vida e ministério experimentado a prática da glossália. Tendo isso em vista seguem os meus comentários.

1. Vamos às fontes!

Para substanciar sua hipóstese o autor recorre a um suposto artigo publicado por um seminário americano. Eis o que afirma o pastor: 

"Há 38 anos, mais precisamente na sua edição de 24 de março de 1975, o jornal The Paper, uma publicação do Seminário Teológico Gordon-Conwell, nos EUA, trouxe um artigo, na sua página 6, intitulado “Calvin Speaks Unknown Tongue” (“Calvino Fala Língua Desconhecida”), de autoria de Quent Warford."

Fazendo uma rápida pesquisa na internet deparei-me com um texto escrito por Jim Darlack, que é ex-aluno da instituição e trabalhava, pelo menos até Setembro de 2009 como bibliotecário no seminário. o Sr. Darlack explica que esse "jornal" era apenas um periódico estudantil. Não é um jornal acadêmico revisado por teólogos. Seria o equivalente ao boletim de notícias do diretório acadêmico de uma universidade. Em outras palavras, é uma fonte de informação sem crédito algum. Um colega do Sr. Darlack, que ensinava Hebraico no seminário, não tinha a menor idéia da existência desse texto e afirmou até que poderia se tratar de uma "pegadinha".

É nesse texto que o pastor e jornalista Silas baseia sua afirmação.

Você pode conferir o texto o Sr. Darlack AQUI.

2. Vamos à fonte da fonte!

No seu minúsculo texto, Quent Warford  fala de uma citação que ele encontrou na biografia de Calvino escrita por Beza na qual o Reformador teria revelado ao seu amigo que ele havia experimentado falar uma língua desconhecida durante  suas devocionais. Você confere o texto do Sr. Warford AQUI.

Temos já aqui dois grande problemas. Primeiro, o Sr. Warford não nos dá mais nenhuma informação sobre a fonte que consultou. Tirando o nome da obra, ele não cita ano de publicação, quem a publicou, nem muito menos a página onde se encontra o relato. Não há referência alguma para que se possa confirmar se tal afirmação é verdadeira! 

Warford afirma que foi muito difícil chegar até tal documento, tendo ele que acessar uma sala chamada de "o cofre" onde ficavam livros raros. Não seria lógico que tal descorberta, sendo verdadeira, seria preservada? Não teria o aluno levado seu achado aos seus professores de história da igreja para que ficasse registrado e fosse divulgada a sua grande descorbeta? Não taria aparecido depois em jornais acadêmicos de verdade como o Calvin Theological Journal, ou o Church History, tal informação? Pois é! Mas nada disso aconteceu. Nem Warford cita sua fonte de maneira que ela possa ser confirmada nem nenhum historiador de respeito jamais menciou tal relato.

O segundo problema é que Warford simplesmente ignora as traduções existente do texto que ele afirma ter consultado. Diz ele que essa informação foi encontrada na biografia de Calvino escrita originalmente em Latin por Beza e que um amigo, também aluno, teria ajudado na tradução. O problema é que o texto, escrito em 1975, ignora traduções do mesmo texto para a língua inglesa feita por homens gabaritados e que já estavam disponíveis desde 1836. Essa tradução foi feita por Francis Sibson e está disponível gratuitamente no Google Books. Você pode consultá-la AQUI. A outra foi feita por Henry Beveridge que também traduziu As Institutas do mesmo autor. Ao invés de comparar sua tradução com as já disponíveis, o autor simplesmente finge que elas não existem.

Pior, quando analisadas as traduções disponíveis nada é encontrado sobre esse episódio. Como a tradução de Sibson está escaneada no Google Books, faça você mesmo essa experiência. Busque por palavras tipo "tongues", "language", "barbarian", "pagan", ou "cursed". Você nada encontrará no que diz respeito a essa tal experiência que Calvino teve.

Entretanto, é essa a única fonte que o pastor e jornalista Silas utiliza para dar suporte a sua matéria.

3. Calvino falando em línguas? Fala sério!

Considerando essas evidências será que dá para acreditar no artigo do Pr. Silas? Será que de fato existe suporte histórico para tal afirmação? Acreditar, com base nessas fontes, que Calvino falou em línguas é o mesmo que acreditar que Michael Jackson descobriu o Brasil!

O que o Pr. Silas Daniel poderia fazer para tornar seu artigo, de fato, confiável? Seguem aqui algumas sugestões:
  • Encontar no original escrito por Beza, em Latin, o mesmo texto que o Sr. Warford afirma ter encontrado. Talvez vocês esteja pensando: "mas essa é uma tarefa muito difícil, que tem acesso a tal livro?" Por incrível que pareça não é difícil não, basta consultar uma base de dados chamda EEBO (Early English Books Online) que lá tem todo o tipo de literatura, tanto em Latin como em outras línguas, dos mais diversos autores, para serem consultadas. Basta ir lá e procurar.
  • Encontrar um estudioso de Calvino que corrobore com essa afirmação. Homens como Richard Muller, Bruce Gordon, Herman Seldernhius, ou Paul Helm são acadêmicos reconhecidos e renomados, todos eles escreveram bastante sobre Calvino, têm acesso às fontes primárias e certamente, sendo tal afirmação verdadeira, poderão confirmar sua veracidade.
  • Encontrar o Sr. Quent Warford, certamente ainda vivo, e arguí-lo sobre a veracidade do seu texto. Foi mesmo sério ou foi uma pegadinha? Se foi sério, onde está a evidência histórica?
Isso é o mínimo que eu espero do Pr. Silas Daniel, como jornalista e como servo do Deus vivo que ama a verdade e odeia a mentira. Seria isso o que eu faria como pastor e teólogo se eu quisesse ser levado a sério. 

É triste perceber que o Pr. Silas começa com uma hipótese e termina com uma certeza. Na conclusão do seu texto ele escreve de forma enfática, tirando lições para seus leitores:

"Bem, vejamos: Calvino, em suas orações devocionais, falou, estranha e espontaneamente, em uma língua desconhecida por ele, o que o deixou impressionado. Como temia que tivesse falado em uma língua parecida com a de um povo pagão do passado, temeu não ser uma experiência sadia. Em seguida, comentou com seu amigo e confidente Beza, e depois deixou para lá o caso."

O que se tornou certeza para o Pr. Silas, em nenhum momento deixou de ser mera possibilidade para a sua própria fonte como é claramente expresso pelo Sr. Warford:

"Esse assunto foi apenas um detalhe para Beza, que dedica a ele apenas poucas sentenças em De Vitam Iohannes Cauvin. A preocupação de Calvino era apenas uma matéria de linguística. Portanto, não existe material primário suficiente para construir um caso de uma maneira ou de outra."

Fica aqui a lição para todos nós: se for usar exemplos da história da Igreja esteja pronto para fornecer sempre as fontes primárias ou, então, caia no descrédito.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Médicos, Aborto, e o Juramento de Hipócrates

Médicos são tidos como guardiões da saúde, como instrumentos de preservação da vida, mas hoje, históricamente, a medicina brasileira e a maioria dos seus representantes ficarão conhecidos como advogados e promotores da morte. De acordo com a nóticia vinculada hoje pelo site da Folha de São Paulo, o conselho federal de medicina, após debater o assunto por dois anos, tomou a decisão de endorsar a legalização do aborto em território nacional até a décima segunda semana de gestação. Você confere a matéria por completo AQUI.

De acordo com o site babycenter, o bebê, nessa semana, apesar de ter pouco mais de 5 centímetros, começa a ter uma aparência mais humana. Olhos e orelhas começam a ocupar suas posições normais, seus reflexos  já estão bem mais desenvolvidos, a criança se mexe se cutucada na barriga, e seu fígado até já produz bile. Essa também é a fase quando não dá mais para esconder a barriguinha e a mãe, privilegiada pela habilidade de carregar outra vida dentro de si, troca o jeans apertado por uma roupinha mais folgada. A figura ao lado ilustra a aparência da criança.


E é esse pequeno ser, completamente indefeso, que os assassinos vestidos de branco querem destruir. O motivo é o mais abasurdo o possível: "Defendemos o caminho da autonomia da mulher," dizem. Em outras palavras, para assegurar o direito de um ser vivo garantimos a ele o direito de matar outro ser vivo. Que qualidade de raciocínio é esse? Vocês tiveram tanto treinamento acadêmico para isso? Onde é que esse maneira de pensar vai nos levar? O próximo passo é defender a autonomia de filhos de pais idosos. Defender a autonomia do casal que teve uma criança com problemas mentais ou com alguma deficiência física. Em nome da autonomia, dizem os sábios médicos dessa nação, matem todos! A verdade é que mulher grávida não tem direito a autonomia, ela tem o dever e o privilégio a maternidade, e é dever do Estado prover todo o apoio necessário para preservar os filhos deste solo como mãe gentil. Mas querem transformar nossa pátria amada numa madrasta cruel e isso, enquanto cidadãos, não podemos permitir.

O pior é quando pensamos que esse médicos um dia fizeram o juramento de Hipócrites. No juramento eles prometeram "exercer a arte de curar" mas nas suas decisões eles exercem, com maestria, a arte de matar. Dizem que "sempre se mostrarão fiéis ao preceito da caridade" mas, de algum modo, eles se sentem livres para não estendê-la a bebês indefesos. O que esses pequenos perturbadores da autonomia feminina merecem mesmo é serem destroçados no útero de suas mães, pensam.

Mas o pior esta por vir. Eles também juram que "nunca se servirão de sua profissão para corromper costumes ou favorecer crimes", mas não é exatamente isso que estão fazendo quando propõe a legalidade do aborto? O aborto corrompe costumes porque possibilita uma fuga rápida da responsabildiade de gerar e criar um filho, promove a promiscuidade nos relacionamentos, despedaça o conceito de família, e destrói o valor da vida humana. O aborto favorece o crime colocando nas mãos de outrém o poder de tirar uma vida inocente.

O juramento termina conjurando uma maldição que hoje se cumpre. Por causa desse infeliz e infame parecer que sua boa reputação, médicos da morte, fique para sempre maculada. Que para sempre vocês sejam conhecidos como criminosos em potencial cuja contribuição para a sociedade foi apenas apressar seus passos para a imoralidade, para a devassidão.

Médicos, de Hipócrites vocês não tem nada. Hipócritas vocês são de fato!


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Primeiro item da sua lista de resoluções para 2012: ler a Bíblia toda!


No ano passado escrevi uma postagem semelhante a essa. Mas talvez eu a tenha publicado um pouco tarde. Esse ano, estou publicando uma versão atualizada, com novos calendários disponíveis na internet que você pode facilmente utilizar para seu projeto de leitura. Estou também publicando essas sugestões bem mais cedo, de forma que você pode se preparar com boa antecendência para levar a sério seu compromentimento.

Apesar desses pontos positivos, todos os recursos estão disponíveis apenas em Inglês. Isso não um grande problema, os capítulos e verssículos dos calendários não mudam entre as

Essa postagem tem como principal referencial o artigo publicado por Justin Taylor do blog do Gospel Coalition. Você pode ler o artigo na íntegra clicando AQUI. Lá tem muito mais calendários de leitura do que os que eu decidi anunciar aqui. Se os três que escolhi não cativarem o seu interesse, não desita! Acesse o site do Gospel Coalition e confira as outras opções.

Se você estiver precisando de um insentivozinho para começar sua leitura, ou para entender a importância desse compromentimento, recomendo a leitura do excelente artigo do John Piper sobre o assunto. Você pode acessar esse artigo clicando AQUI.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/da/Robert_Murray_McCheyne.jpgMinha primeira sugestão para guiar sua leitura da Bíblia em 2012 é o calendário do Robert Murray M'Cheyne. M'Cheyne foi um pastor escocês que viveu no século 19 e causou um grande impacto na vida da Igreja de Cristo através de sua vida, ministério, e obras. Com esse calendário você lerá duas vezes o Novo Testamento e o livro dos Salmos e uma vez o Antigo Testamento. John Stott uma vez afirmou sobre esse calendário: "nada me ajudou tanto a adquirir um visão geral da Bíblia, e, dessa forma, do plano redentivo de Deus." Voce pode encontra o calendário do M'Cheyne AQUI.

Uma grande vantagem de usar o calendário do M'Cheyne é que você pode aproveitar para enriquecer seu conhecimento bíblico lendo com ele excelentes devocionais escritas pelo D. A. Carson e associadas a cada leitura diária. Esses comentários foram publicados em 2 volumes sendo que cada volume constitue uma colentânia de devocionais distintas que podem ser usadas independentmente. Esse livros devocionais podem ser adquiridos online clicando AQUI ou AQUI. Se você utiliza o Google Reader ou qualquer outro leitor RSS, poderá receber gratuitamente as leituras no seu computador através do "feed" disponibilizado pelo site do Gospel Coalition. Você pode se inscrever no "feed" clicando AQUI.




Minha segunda sugestão é aproveitar um dos calendários oferecidos pela Bíblia de estudo ESV. Esse site oferece 10 diferentes calendários de leitura que você confere clicando AQUI. Em cada calendário é dada uma enfase diferente. Aproveito para destacar três calendários: (1) o calendário cronológico, onde as leituras são organizadas de acordo com o desenvolver da história; (2) o calendário do Novo Testamento, onde você lê todo o NT em seis meses; (3) o calendário literário, onde você lê por dia dentres os diferentes estilos líterários encontrados nas Escrituras (narrativas, poesia, sabedoria, profecia). Você pode tanto imprimir o calendário como também subescrever aos alertas diários por e-mail. Abaixo você encontra os links para os três calendários sugeridos.


Chronological
Through the Bible chronologically (from Back to the Bible)
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Literary Study Bible
Daily Psalms or Wisdom Literature; Pentateuch or the History of Israel; Chronicles or Prophets; and Gospels or Epistles
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Outreach New Testament
Daily New Testament. Read through the New Testament in 6 months
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A ultima sugestão é a mais "radical". Professor Grant Horner desenvolveu um sistema em que você lê 10 capítulos da Bíblia por dia em lugares totalmente diferentes nas Escrituras. Você pode acessar esse sistema que inclue um kit de marcadores clicando AQUI. Teve um cidadão que leu a Bíblia toda em menos de 6 meses através desse sistema. A experiência dele você confere AQUI. Esse é que a gente pode chamar de sistema "hardcore" e não é para os "fracos". Ele exige determinação e tem o perigo de você simplesmente ler as Escrituras sem meditar nelas. O famoso blogueiro americano Tim Challies também experimentou o sistema e publicou eletrônicamente suas expreriências bem como algumas modificações que fez. Você confere os textos de Tim AQUI e AQUI.

Seja qual for o sistema que você escolher, persevere. Encare esse exercício não como uma tarefa mas como um instrumento para você melhor conher o Deus que você ama e crê. Um exercício em busca de piedade e de amadurecimento espiritual. Lembre-se da reprovação que nosso Senhor Jesus Cristo fez aos farizeus quando disse: "Errais por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus" (Mateus 22:29). Lembre-se que as Escrituras são o meio pelo qual Deus fala com seu povo. É através dela que Ele os instrui, conforta, aconselha, anima, e revigora (2 Timóteo 3:16-17). Desligue sua televisão à noite, pare de ver novela, e utilize esse tempo para, junto com sua família, ser enriquecido pelo voz viva do Deus misericordioso que redimiu e salvou você.

Grande abraço, e que o Deus triuno os abençoe ricamente em 2012!





sábado, 19 de novembro de 2011

Cristo, o supremo sumo-sacerdote.

É sempre bom lembrarmos da riqueza que temos no nosso Senhor Jesus Cristo em seu papel messianico.
Na teologia reformada, é comum se referir a triplo ofício de Cristo: profeta, sacerdote e rei. Esse triplo ofício do nosso salvador é essencial para a execução de sua função mediadora e redentora. Lendo recentemente os comentários de Calvino em Hebreus 9:11, deparei-me com uma pequena lista feita pelo reformador que trascrevo agora, em formato de tabela, para que de vez em quando possamos nos lembrar da riqueza e superioridade da pessoa e obra de Cristo. Serve também para nos lembrar de nossa posição privilegiada quando comparamos a nova aliança com a antiga, feita com a nação of Israel no VelhoTestamento. Aliança essa que possuía apenas as sombras de tudo aquilo que hoje é realidade para nós, crentes da nova aliança. E por último, e talvez mais importante, serve para nos humilhar, para nos trazer ao pó. Pois nós, tendo aquele que é perfeito, ainda buscamos, como crianças espirituais, representações visíveis, palpáveis e temporais, daquele que é eterno. Seque abaixo a "tabelinha":

Sumo-Sacerdócio Araônico
Cristo – O perfeito sumo-sacerdote
Recebia bençãos temporárias que tornavam seu ministério transitório.
Recebeu bençãos eternas que tornaram seu sacerdócio “para sempre”.
Entrava no Santo dos Santos por um santuário físico.
Andentrou os céus pelo santuário do seu próprio corpo.
Entrava no Santo dos Santos uma vez por ano, todo o ano.
Andentrou os céus apenas uma vez de uma vez por todas.
Oferecia o sangue de animais.
Ofereceu seu próprio sangue.
Seu sacrifício de animais promovia uma expiação temporária.
O sacrifício de si mesmo promoveu expiação eterna.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Espiritualidade da Igreja

Qual deve ser o envolvimento da Igreja com a sociedade? E o cristão, até onde vai sua obrigação de se envolver com os problemas ao seu redor? Suas preocupações e cuidados devem se limitar a sua família, a igreja local, ou deve ele estender seus esforços para transformar o meio em que vive?
Essas perguntas são respondidas em teologia sistemática no locci conhecido como a espiritualidade da igreja e obteve grande destaque na teologia luterana. Lutero chamou essa doutrina de “dois reinos”. Como leitura preliminar no assunto sugiro o capítulo “Igreja e Reino” na sistemática de Berkhof. Sugiro também a leitura do livro 4 nas Institutas de Calvino que lida exclusivamente com eclesiologia (você já parou para pensar que Calvino dedicou 1/3 de sua magnus opus para lidar somente com eclesiologia?).

Recentemente, nos Estados Unidos, a teologia dos “dois reinos” tem recebido bastante atenção. David VanDrunen, ministro da Igreja Presbiteriana Ortodoxa e professor de teologia sistemática no seminário Westminster California, escreveu dois livros no assunto, um para o público acadêmico e outro com linguagem mais popular (confira os livros aqui e aqui). As posições de VanDrunen não passaram desapercebidas e apesar dos livros serem bastante recentes, já possuem refutações: o Dr. Nelson Kloosterman analisou o livro mais acadêmico (confira aqui) e o Dr. Keith Mathison analisou o livro mais popular (confira aqui).

“Ok, Breno”, você vai dizer, “obrigado pela atualização teológica, mas e daí?! Por acaso esse assunto é importante para nós aqui no Brasil?” Minha resposta: muitíssimo importante! Uma óbvia evidência dessa importância é o atual dilema que nós brasileiros vivemos no que diz respeito ao kit de educação homossexual promovido pelo ministério da educação. Está o governo federal excedendo sua jurisdição à medida que promove esse kit? Qual deve ser a reação da Igreja diante desse movimento? Qual deve ser o comportamento do cristão enquanto cidadão brasileiro e celestial? Essas são perguntas muito importantes que precisam ser respondidas com o crivo bíblico.

Eu não pretendo oferecer respostas, pelo menos ainda não. Talvez esse possa ser o tema do próximo artigo no blog “E a Bíblia com isso?

sábado, 1 de janeiro de 2011

Vamos ler a Bíblia toda nesse ano novo?

Quantas vezes você fez essa resolução de ano novo: "vou ler a Bíblia todinha esse ano"? Quantas vezes você conseguiu cumprir?

Bom, se você pode orgulhosamente bater no peito e dizer "ontem eu li os últimos capítulos da minha agenda de leitura" ou se você tristemente fica em silêncio diante da pergunta acima, não importa! Um novo ano começou e você deve hoje mesmo começar seu projeto de leitura da Bíblia toda em um ano.

"Mas por onde começar", você se pergunta. Recebi à alguns dias atrás de um aluno aqui do seminário um link para diversos recursos (calendários de leitura) para você devorar as Escrituras durante os 365 dias de 2011. Para ir ao site clique AQUI

"Mas o site está todo em Inglês", você vai reclamar. Calma! Use o tradutor do Google para conseguir ler o site e escolha um dentre os diversos calendários de leitura. As opções são diversas. Você pode escolher entre o calendário cronológico, normal, M'Chayne, literário, etc. Se você é corajoso, não deixe de conferir o sistema do professor Grant Horne. Tem gente que conseguiu ler a Bíblia toda em menos de 6 meses. Nesse sistema você lê 10 capítulos da Bíblia por dia. Para ter acesso direto à esse esquema clique AQUI!

"Mas todos esses calendários estão em Inglês", você vai retrucar. Deixe de ser preguiçoso e medroso! Mesmo estando em Inglês, os capítulos e verssículos dos diversos livros da Bíblia são os mesmos e você pode usar sem problemas. Além do mais, essa é uma ótima oportunidade para você aprender os nomes dos livros em Inglês. O benefício é seu por todos os ângulos!

Por útltimo, tente também ler as Institutas de Calvino durante esse ano. Tem um calendário prontinho para você usar. Clique AQUI para conferí-lo. Se você não tem as Institutas, adquira seu volume bem baratinho clicando AQUI. Confira AQUI um guia de leitura das Institutas e AQUI uma análise sistemática dessa magus opus do grande reformador.

Então, deixa de "mas-mas" e começe seu projeto já!

Abraço forte e boa leitura à todos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sobre oração pública

Samuel Miller, pastor presbiteriano que iniciou seu ministério no finalzinho do século XVIII, escreveu um excelente livro sobre oração pública chamado “Thoughts on Public Prayer”.  O livro é organizado em cinco capítulos: introdução, breve histórico da oração pública, o lugar da oração publica em liturgias, frequentes falhas em orações públicas, characterísticas de uma boa oração pública, maneiras de adquirir excelência em orações públicas.

Estou lendo o capítulo 4, que lida com frequentes falhas, e uma delas (Miller aponta 18, essa é a de número 8) é a menção de posições políticas, partidos políticos, personalidades públicas (polítcas ou não) nas orações públicas feitas pelos ministros do Evangelho. No que diz respeito a personalidades, Miller adverte, o ministro deve ser breve e genérico. No que diz respeito a assuntos políticos e partidos políticos Miller sugere que o ministro opte pela abstenção total! A razão que o experiente pastor utiliza como base de sua posição é que tal prática traz divisão para a Igreja que deve ser o harmonioso corpo de Cristo. Ele argumenta: “porque os sentimentos da Igreja de Cristo precisam ser invadidos enquanto se aproximam do trono da graça por alusões desnecessárias a pontos sobre os quais os sentimentos mais mundanos estão dolorosamente engajados”.

Miller estende o seu conselho não somente a prática da oração mas também a pregação. Ele entende que a figura do pastor possue grande influência na congregação e que seu papel é manter a unidade dos membro e não o de promover desunião. Miller utiliza sua vasta experiência pastoral e aconselha: “eu decidi, há mais de trinta anos atras, nunca permitir a mim mesmo, seja em oração pública ou ao pregar, a expressar uma sílaba, seja em períodos de grande excitação política ou de desputa entre partidos, que pudesse permitir a qualquer ser humano conjecturar em  qual lado do conflito político eu estava... eu veementemente recomendo para todo ministro do evangelho. O quanto mais aquele que ministra coisas santas se abstem de conflitos políticos, mesmo em conversaçoes comuns, e muito mais no seu trabalho público, o melhor.”

Eu concordo com Miller. Ele parte de um princípio bíblico simples, o princípio da preservação da unidade do corpo do Cristo, e aplica a responsabilidade da conservação dessa união ao pastor. Um exemplo rico de tópico doutrinário aplicado a vida diária. O período de eleições se aproxima no Brasil. Que seja um momento para orarmos, pedirmos direção a Deus sobre qual canditado escolher, selecionar aqueles em quem votamos pelos seus valores e posicionamentos bíblicos, porém que também seja um momento de exercitamos a separação Igreja-Estado.

Se você tem domínio suficiente da língua Inglêsa, recomendo que leia a cópia do livro gratuitamente oferecida em:

quarta-feira, 10 de março de 2010

Tremores em Alagoinha e o fim do mundo!

Apesar de estar aqui na conferência, não pude deixar de ler no JC uma matéria a respeito de tremores em Alogoinha, no agreste do meu amado estado. Confira a matéria aqui.

Lembro de um tempo quando todo mundo se assustava quando alguém falavar em guerra, tremores de terra ou em sinais no céu como por exemplo a lua brilhando com uma tonalidade de cor diferente. Meu pai era um desses. Ficava impressionado com tudo. "É o fim do mundo", dizia ele.

Pensamentos como esses, dizem aquele que assim pensam, possuem base escriturística. Quem não conheçe o famoso sermão escatológico de Cristo encontrado em nos evangelhos sinóticos? Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21 são os lugares que em você pode conferir as marcantes palavras do Senhor Jesus a respeito dos últimos dias. Veja, por exemplo, Mt. 24:7, Mc. 13:8 e Lc. 21:11. Os três textos utilizam terremotos e outros fenômenos da natureza como linguagem apocalíptica e como sinais que marcam o fim dos tempos.

A pergunta é: será que essa é uma boa forma de enterder esse texto? Qual seria a melhor interpretação do sermão escatológico do nosso Senhor? O que você acha?

Enquanto eu pesquiso um pouco nessa área e preparo uma postagem para vocês, confiram os seguintes títulos que certamente trarão luz a esse assunto:

1) Os últimos dia segundo Jesus - R. C. Sproul
2) Quando essas coisas acontecerão? - Keith Mathison
3) Comentário em Mateus - Leon Morris
4) Comentário em Marcos - James Edwards
5) Comentário em Lucas - Joel Green

Intervalo na leitura do livro O Peregrino

Queridos leitores.

Eu li apenas um capítulo do livro do famoso John Bunyan e já vou parar?

Temporáriamente sim. Durante a primavera, o seminário no qual estudo organiza uma conferência teológica que ocupa todo o meu tempo durante a semana. Eu organizo os computadores que são usados para venda de livros no intervalo das palestras. Ao todo são quatro máquinas. O ano passado foi um verdadeiro CAOS. Foi minha primeira conferência e eu não sabia muito bem como era o rítimo das coisas por aqui. Após o sofrimento, decidi criar uma rede que não traría mais dores de cabeça como as que tive e, graças a Deus, tudo está funcionando direitinho.

Bom, assim que a conferência acabar, continuarei a leitura de O Peregrino. Espero que todos vocês aguardem com expectativa.

Até lá!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Projeto "Lendo o Peregrino" - Capítulo 1

Ouça o primeiro capítulo do livro O Peregrino.
Para mais informações sobre o livro, clique AQUI!