quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sobre oração pública

Samuel Miller, pastor presbiteriano que iniciou seu ministério no finalzinho do século XVIII, escreveu um excelente livro sobre oração pública chamado “Thoughts on Public Prayer”.  O livro é organizado em cinco capítulos: introdução, breve histórico da oração pública, o lugar da oração publica em liturgias, frequentes falhas em orações públicas, characterísticas de uma boa oração pública, maneiras de adquirir excelência em orações públicas.

Estou lendo o capítulo 4, que lida com frequentes falhas, e uma delas (Miller aponta 18, essa é a de número 8) é a menção de posições políticas, partidos políticos, personalidades públicas (polítcas ou não) nas orações públicas feitas pelos ministros do Evangelho. No que diz respeito a personalidades, Miller adverte, o ministro deve ser breve e genérico. No que diz respeito a assuntos políticos e partidos políticos Miller sugere que o ministro opte pela abstenção total! A razão que o experiente pastor utiliza como base de sua posição é que tal prática traz divisão para a Igreja que deve ser o harmonioso corpo de Cristo. Ele argumenta: “porque os sentimentos da Igreja de Cristo precisam ser invadidos enquanto se aproximam do trono da graça por alusões desnecessárias a pontos sobre os quais os sentimentos mais mundanos estão dolorosamente engajados”.

Miller estende o seu conselho não somente a prática da oração mas também a pregação. Ele entende que a figura do pastor possue grande influência na congregação e que seu papel é manter a unidade dos membro e não o de promover desunião. Miller utiliza sua vasta experiência pastoral e aconselha: “eu decidi, há mais de trinta anos atras, nunca permitir a mim mesmo, seja em oração pública ou ao pregar, a expressar uma sílaba, seja em períodos de grande excitação política ou de desputa entre partidos, que pudesse permitir a qualquer ser humano conjecturar em  qual lado do conflito político eu estava... eu veementemente recomendo para todo ministro do evangelho. O quanto mais aquele que ministra coisas santas se abstem de conflitos políticos, mesmo em conversaçoes comuns, e muito mais no seu trabalho público, o melhor.”

Eu concordo com Miller. Ele parte de um princípio bíblico simples, o princípio da preservação da unidade do corpo do Cristo, e aplica a responsabilidade da conservação dessa união ao pastor. Um exemplo rico de tópico doutrinário aplicado a vida diária. O período de eleições se aproxima no Brasil. Que seja um momento para orarmos, pedirmos direção a Deus sobre qual canditado escolher, selecionar aqueles em quem votamos pelos seus valores e posicionamentos bíblicos, porém que também seja um momento de exercitamos a separação Igreja-Estado.

Se você tem domínio suficiente da língua Inglêsa, recomendo que leia a cópia do livro gratuitamente oferecida em: