Samuel Miller, pastor presbiteriano que iniciou seu ministério no finalzinho do século XVIII, escreveu um excelente livro sobre oração pública chamado “Thoughts on Public Prayer”. O livro é organizado em cinco capítulos: introdução, breve histórico da oração pública, o lugar da oração publica em liturgias, frequentes falhas em orações públicas, characterísticas de uma boa oração pública, maneiras de adquirir excelência em orações públicas.
Estou lendo o capítulo 4, que lida com frequentes falhas, e uma delas (Miller aponta 18, essa é a de número 8) é a menção de posições políticas, partidos políticos, personalidades públicas (polítcas ou não) nas orações públicas feitas pelos ministros do Evangelho. No que diz respeito a personalidades, Miller adverte, o ministro deve ser breve e genérico. No que diz respeito a assuntos políticos e partidos políticos Miller sugere que o ministro opte pela abstenção total! A razão que o experiente pastor utiliza como base de sua posição é que tal prática traz divisão para a Igreja que deve ser o harmonioso corpo de Cristo. Ele argumenta: “porque os sentimentos da Igreja de Cristo precisam ser invadidos enquanto se aproximam do trono da graça por alusões desnecessárias a pontos sobre os quais os sentimentos mais mundanos estão dolorosamente engajados”.
Miller estende o seu conselho não somente a prática da oração mas também a pregação. Ele entende que a figura do pastor possue grande influência na congregação e que seu papel é manter a unidade dos membro e não o de promover desunião. Miller utiliza sua vasta experiência pastoral e aconselha: “eu decidi, há mais de trinta anos atras, nunca permitir a mim mesmo, seja em oração pública ou ao pregar, a expressar uma sílaba, seja em períodos de grande excitação política ou de desputa entre partidos, que pudesse permitir a qualquer ser humano conjecturar em qual lado do conflito político eu estava... eu veementemente recomendo para todo ministro do evangelho. O quanto mais aquele que ministra coisas santas se abstem de conflitos políticos, mesmo em conversaçoes comuns, e muito mais no seu trabalho público, o melhor.”
Eu concordo com Miller. Ele parte de um princípio bíblico simples, o princípio da preservação da unidade do corpo do Cristo, e aplica a responsabilidade da conservação dessa união ao pastor. Um exemplo rico de tópico doutrinário aplicado a vida diária. O período de eleições se aproxima no Brasil. Que seja um momento para orarmos, pedirmos direção a Deus sobre qual canditado escolher, selecionar aqueles em quem votamos pelos seus valores e posicionamentos bíblicos, porém que também seja um momento de exercitamos a separação Igreja-Estado.
Se você tem domínio suficiente da língua Inglêsa, recomendo que leia a cópia do livro gratuitamente oferecida em: